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RELATÓRIO DO PRIMEIRO DIA DE PRÁTICA

     

     No nosso primeiro dia de estágio, no dia 26 de março, quando chegamos à sala as crianças estavam sentadas nas cadeiras, visto que tinham acabado de fazer a higiene após o reforço da manhã. Cada criança chamada individualmente pela educadora que ia indicando o lugar onde ficariam sentados no tapete, ao lado do(a) seu(sua) colega, formando um U. Esta técnica utilizada pela educadora não gere tanta confusão na sala, mas sim uma melhor organização.

     Para nos conhecermos melhor, seguiu-se uma apresentação entre crianças e adultos, acabando com a curiosidade das crianças em saber quem nós eramos e o que estavamos lá a fazer, e integrando-nos melhor num espaço “invandimos”. O do dia foi o menino Mateus, o único menino da sala que já completou quatro anos, que deu início à apresentação. Diariamente há um chefe que se senta ao lado da educadora, atribuindo algum sentido de responsabilidade à criança. Este é eleito segunda a ordem do quadro de presenças, a menos que o chefe não se comporte bem nesse dia, ou não se tenha comportado bem no dia anterior, ou que não tenha vindo à escola. Nestes casos, passa-se à criança seguinte, retomando posteriormente à criança que não foi chefe. O título de chefe dá algum reconhecimento à criança, pois será o representante nesse dia e tem o poder da palavra verificado com a canção dos bons dias, por exemplo. Estas sentem-se orgulhosa e úteis ao longo do dia, mas têm a obrigação de dar o exemplo do bom comportamento e das boas maneiras.

     Depois da breve apresentação, deu-se início à canção do Bons Dias, sendo que o chefe cumprimenta individualmente os amigos com um Bom Dia. Em conjunto, todos cantaram uma segunda canção do Bom Dia. Depois disto, o chefe vai à janela de correr que dá acesso à varada observar o estado do tempo e muda o relógio de acordo com o mesmo.

     Após a apresentação, foi hora de marcar as presenças. As crianças que se portam bem têm prioridade, levantam-se segundo a ordem da educadora e colocam uma bolinha da cor representante o dia no seu respetivo quadrado. O quadro das presenças, que se encontra num placard junto ao tapete, é representado pela foto de cada criança e o seu nome e pelos dias da semana (de Domingo a Sábado). Cada dia da semana representa uma cor, respeitando a seguinte ordem: Domingo -vermelho; Segunda -rosa; Terça -Azul; Quarta -Verde; Quinta -Laranja; Sexta – amarelo; Sábado -Lilás. A presença é marcada pelo círculo de acordo com a côr representantiva do dia da semana. No fim-de-semana, em vez de círculos há casinhas, e assim as crianças entendem que são esses os dias em que elas ficam em casa. Depois de marcadas todas as presenças as crianças refletem sobre quem faltou e porque faltou.

     Porém, é chegada a hora da surpresa. Estava qualquer coisa dentro da saquinha das surpresas que só aparece com a música e quando as crianças estão em silêncio. O interesse, a curiosidade, a magia e a imaginação das crianças são despertados através deste método. A educadora pediu para que as crianças fechassem os olhos. De fundo, ouviu-se uma música clássica, “A Primavera”, de Vivaldi. Depois de esta terminar, as crianças cantaram a canção da saquinha das surpresas. “A saquinha das surpresas, ninguém sabe o que lá vem. Tão quietinha, tão calada, vamos ver o que lá tem. Ócos, Pócos, Pim, Pãm, Pum.” De dentro da saquinha saiu uma borboleta, em fantoche. Nisto, fez-se ouvir novamente a música clássica, desta vez acompanhada pela voz da educadora que inicia a leitura do poema movimentando em simultâneo a borboleta.

 

“No País da Primavera vivia uma borboleta,

Pinta branca, pinta preta.

E que linda que ela era, no País da Primavera!

Voava pelo céu fora, ao lado dos passarinhos que construíam seus ninhos.

Logo que rompia a aurora voava pelo céu fora.

Muito leve e graciosa conversava com as flores: dálias, túlipas, amores.

E dormia numa rosa, muito leve e graciosa.

Passando rios e serras, lembrou-se a borboleta, pinta branca, pinta preta, de descobrir novas terras, passando rios e serras.

O país da Primavera,deixou para trás voando.

E, de saudades chorando, nunca mais foi o que era, o País da Primavera.”

 

(Fernanda Montenegro – livro “Pequenos Leitores 3 e música Primavera de Vivaldi).

 

     Depois de terminar, a educadora escolhe uma criança que esteve atenta e que merece movimentar a borboleta em redor dos seus amigos. A educadora voltou a ler o poema ao som da música, enquanto a criança movimentava a borboleta perto dos seus colegas. Finalmente, todas as crianças são convidadas a se levantar transformando-se em borboletas e fazendo o que a educadora diz. Por exemplo, a educadora diz: “A borboleta está cansada e deita-se numa flor” e as crianças deitam-se no chão; “De repente começou a chover” e as  crianças começam a correr; “A chuva parou e o sol apareceu” e as crianças começam a andar muito lentamente.

     Terminada a história, a educadora olhou para o placard das estações que ainda se encontrava no Inverno e fez com que as crianças dissessem o que faltava mudar com a chegada da Primavera. Foi então, que saiu outra surpresa da saquinha, flores, feitas com caixas de ovos em cartão, para construir o placard da Primavera. As crianças tinham que dizer de que eram feitas aquelas flores e o que seria necessário para que ficassem mais bonitas, discutindo as cores com que estas seriam pintadas.

     Posto isto, era hora da actividade. O grande grupo foi dividido em três grupos de seis crianças, pelo que umas pintavam as flores e desenvolviam a sua expressão plástica, outras brincavam com a plasticina, as restantes brincavam com jogos de mesa. Há medida que terminavam, trocavam de mesa, dando oportunidade às crianças de participarem em todas as actividades. Tudo foi organizado para uma boa harmonia na sala e para que todas as crianças tivessem a oportunidade de desenvolver todas as atividades.

     Posteriormente, chegou a hora da higiene e preparação para o almoço. Quem não terminou ou não teve oportunidade de pintar a sua flor pintaria à tarde, pois a atividade necessitava de mais tempo. Algumas crianças foram à casa de banho e lavaram as mãos, enquanto outras ficavam no tapete aguardando a sua vez. Todas as crianças são capazes de irem à casa de banho e lavarem as suas mãos de forma autónoma, sendo que há sempre a supervisão se um adulto. Há medida que terminaram, sentaram-se nas cadeiras, por uma questão de organização, onde as auxiliares colocaram os babetes e a educadora chamava para o comboio.

     Antes do almoço, as crianças desceram para brincar no exterior ou no polivalente, dependendo de como se encontra o estado do tempo, num período com cerca de 15 minutos. A parte do recreio é sempre mais agitada e cansativa, onde as crianças descarregam as energias para o almoço e de seguida para o descanso.  Enquanto as crianças brincaram é a hora do lanche das educadoras, pelo que as crianças ficam sob a supervisão das auxiliares.

     Quando regressamos já estava na hora do almoço, as crianças formam novamente o comboio e dirigem-se para o refeitório. Estas não têm lugares fixos para se sentarem, no entanto, sentam-se sempre à mesma mesa, com o mesmo grupo de crianças. A educadora e as auxiliares da sala rodam diarimente pelas mesas, não ocupando também lugares fixos. Estas não dão a comida na boca das crianças, apenas incentivam as crianças a comerem autonomamente e incutem as boas maneiras à mesa, como não ter o garfo virado para cima, não falar com a comida na boca e limpar a boca com o guardanapo. Do segundo prato faz parte uma pequena fatia de pão, que foi adicionado como preparação para a introdução da faca. As crianças utilizam o garfo na mão esquerda e na mão direita o pão que ajuda a levar a  comida até o garfo. Quando a faca não significar um perigo para as crianças, o pão será susbtituído pela faca.

     Quando a maioria termina, formam o comboio e vão com dois adultos para a sala, seguido-se da higiene (casa de banho, lavagem das mãos e higiene oral) e preparação para a hora do sono, que ainda se revela importante nestas idades. Como todas as crianças não comem ao mesmo ritmo e demoram o seu tempo a comer, as restantes crianças sobem mais tarde com o adulto que fica no refeitório.

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